segunda-feira, 15 de julho de 2013

Rogo-lhe uma fagulha de amor



Costumo visitar o cemitério onde jaz o corpo daquela moça deteriorado pelos vermes,  é notável que seu romantismo exacerbado marcou seus poucos anos de existência neste mundo medíocre, a jovem faleceu por excesso de sentimentos doces, seu coração não suportou a abundância de amor platônico. Ela era meiga, melosa, sorridente, exalando ternura ao recitar as mais belas cantigas lírico-amorosas trovadorescas. Todo dia 22 de cada mês venho aqui rogar-lhe que me ensine a descobrir este sentimento, pois num futuro bem próximo eu venha morrer com um dos diagnósticos mais notórios do século, insuficiência de doçura no coração, ou melhor dizendo, deficiência de amor. Imploro em meio a soluços, as lágrimas corroem a lápide, marcando o desespero insano desta desalmada, grito por vida. Creio que meus desejos não serão atendidos, porém, quando enfim a morte me convidar a seguir para um mundo distante, estarei aqui rogando uma mísera fagulha de amor, pois deste modo poderei incendiar meu coração com o sentimento mais idolatrado pelos humanos nos séculos XVIII e XIX.


Carmen D’lenheva

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